Tudo se encaminhava para ser uma das dezenas de conferências de imprensa que acontecem na COP15, com homens de fato impecável e mulheres bem aprumadas a debitarem respostas politicamente correctas, quando nove jovens entraram no anfiteatro e subiram ao palco. O primeiro segurava nas mãos uma caixa de papelão com o número 1 e os restantes sete, outras embalagens iguais, só que com zeros. Sem nada nas mãos estava a jovem que se apresentou como nascida nas ilhas Fiji - aquelas que com a subida dos oceanos irão desaparecer do mapa em breve.
A ministra do Clima, Connie Hedegaard, e o secretário executivo das Nações Unidas, Yvo de Boer, aperceberam- -se da intrusão e, aliviados pela interrupção ao inquérito a que estavam a ser sujeitos pelos jornalistas, disseram: "Bem, parece que temos aqui alguma coisa a acontecer!"
Foi nesse momento que a jovem das Fiji Leah Wickham começou a ler o discurso que tinha preparado e que era a história das suas ilhas e do que lhes vai acontecer. "Tenho 22 anos, mas antes de completar o dobro da minha idade, poderei não ter uma terra aonde voltar." E continuou a desbobinar as desventuras prometidas para a sua pátria até que se emocionou e pôs-se a chorar. Ficaram os responsáveis sem saber o que fazer, até que uma salva de palmas deu fim ao drama em palco.
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