Espécies animais e vegetais estão a ser obrigadas pelo aquecimento climático a migrar para altitudes mais elevadas, tanto nas florestas tropicais da América Central como nas montanhas da Califórnia, segundo estudos publicados sexta-feira na revista Science.
No entanto, essas migrações poderão ficar comprometidas pela actividade humana que modifica os habitats naturais, como os abates de árvores nas florestas.
Segundo os autores de um destes estudos, a temperatura média nas zonas de clima tropical aumentou mais de 0,75 graus Celcius desde 1975 e os modelos climáticos prevêem uma subida de mais de três graus durante o próximo século nas florestas tropicais da América Central e do Sul.
Ora esse aquecimento equivale a 600 metros em altitude, o que significa que em finais do século, para se encontrar a temperatura actual será necessário subir essa distância - refere o ecologista Robert Coldwell, da Universidade de Connecticut, principal autor do estudo.
Estes cientistas recolheram dados sobre quase 2.000 espécies de plantas e insectos a diferentes altitudes nas encostas cobertas de floresta tropical de um vulcão extinto na Costa Rica com uma altitude próxima dos 3.000 metros.
Descobriram assim que cerca de metade dessas espécies vivia em zonas muito estreitas em termos de altitude e que o aumento das temperaturas provocado pelo aquecimento climático as forçará a adaptarem-se a um ambiente totalmente novo, pondo em risco a sua sobrevivência.
Coldwell sublinha que essas migrações de plantas e animais para altitudes mais elevadas já se verificam a latitudes mais temperadas onde as temperaturas aumentaram mais.
Este fenómeno, já observado nos Alpes em espécies vegetais, foi também observado no Parque Nacional de Yosemite e nas montanhas da serra Nevada, na Califórnia (EUA), de acordo com outro estudo publicado na Science.
O aquecimento climático dos últimos anos forçou numerosos pequenos mamíferos a viver a altitudes mais elevadas, segundo este trabalho realizado por Craig Moritz, biólogo da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Esta investigação tinha por objectivo comparar as populações de pequenos mamíferos que vivem actualmente no Yosemite com as de 1918, data do anterior recenseamento.
Os investigadores constataram que durante este período de 90 anos, metade destas espécies, como os esquilos, os musaranhos e os ratos migraram para altitudes mais elevadas.
«A razão que salta à vista é o aquecimento climático», considera Craig Moritz.
O fenómeno confirma a necessidade de manter zonas protegidas, por exemplo parques nacionais, para as quais as espécies possam migrar em resposta a alterações climáticas, sem sofrer as interferências da presença humana, que perturba estes movimentos, sublinham as conclusões do estudo.
Com Lusa
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